Saúde mental da população afro-brasileira e a discriminação racial como gatilho para o suicídio entre pessoas negras: um olhar sobre o caso Bertoleza, em O Cortiço, de Aluísio de Azevedo

A saúde mental guarda estreita relação com as condições de vida de um povo. O bem-estar mental depende do bem-estar físico e social. Quando se olha para a população negra, vê-se o quão desigual é o acesso a serviços básicos e o quanto estas pessoas ainda são privadas de seus direitos. O objetivo deste trabalho foi fazer uma análise do suicídio de Bertoleza, personagem da obra O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo, trazendo reflexões sobre a saúde mental da população afro-brasileira e como esta tem sido afetada pelo racismo estrutural persistente no âmago da sociedade brasileira. A metodologia consistiu em um estudo de caso único. Com os paralelos feitos entre a história de Bertoleza e o adoecimento mental das pessoas negras nos dias de hoje, foi possível refletir sobre como a discriminação racial tem, ao longo dos séculos, perpetuado sofrimentos e impelido essa população a condições de vida desiguais. Por fim, foi possível pensar sobre como podemos encerrar esse ciclo de horror e chegar a um patamar de sociedade que olhe com a devida importância para a pauta antirracista.